Mais do que necessário em vista do grande aumento no volume de trabalho dos empregados, para atender o pagamento do Auxílio Emergencial (em função da pandemia), Bolsa Família e outras demandas sociais e urgentes, o anúncio da direção da Caixa Federal de que abrirá 130 novas unidades em todo o país, causa mais preocupação do que entusiasmo entre os bancários da instituição. Afinal, o governo acena com a contratação de 2.766 novos colegas – o que não supre sequer 15% do déficit atual de empregados, como acentua o presidente da Fenae, Sérgio Takemoto.
Basta lembrar que, se o aumento do número de unidades comprova a importância fundamental do banco público para a população brasileira, por outro lado há um déficit atual de quase 20 mil trabalhadores. Para se ter uma ideia, a Caixa fechou o ano de 2014 contando com 101,5 mil empregados. Hoje, de acordo com o balanço do primeiro trimestre de 2021, o número caiu para 81.876 bancários.
Média de clientes por empregado
A média de clientes por empregado é outro dado que fala por si mesmo: enquanto em 2007 tínhamos 575,7clientes por empregado, hoje em dia esta quantidade subiu para 1.780. Um aumento de mais de 300 por cento.
Não bastasse tudo isso, há outro fator pesando sobre os colegas da Caixa. “Muitos empregados do banco têm nos procurado manifestando preocupação de que a direção da Caixa faça realocação de empregados de qualquer jeito, para suprir as novas unidades”, alerta a diretora do SindBancários Caroline Heidner.
Ela exemplifica, lembrando que mesmo em regiões onde há concentração de agências da Caixa – caso do Centro de Porto Alegre – o volume de atendimento é frenético. “Todas essas agências trabalham além da capacidade normal, além do nível que garanta condições adequadas de atividade”, pontua a sindicalista.
Plano Safra
Embora reconheça que a ampliação da rede de agências em todo o país seja importante para a sociedade, ainda mais com a inclusão da Caixa no Plano Safra, com unidades especializadas no crédito rural, Caroline Heidner entende que a direção do banco precisa ceder à realidade. “Sem um aumento consistente no número de empregados, não vai ser possível sustentar esta situação”, afirma ela.
E mais: “Antes de ampliar unidades”, entende a empregada da Caixa e diretora sindical, “o presidente Pedro Guimarães deveria usar sua influência no governo federal para garantir a inclusão dos empregados do banco no Plano Nacional de Imunização”. Conforme ela, é hora do governo elevar o quadro de pessoal da Caixa a um patamar condizente com a realidade.